Painéis de Portinari farão parte da inauguração de Centro Cultural no antigo Cine Brasil

Famosa obra de Cândido Portinari, Guerra e paz vai fazer parte da exposição que marcará a inauguração do novo centro de cultura que BH ganha em setembro de 2013

Gustavo Werneck -

Guerra e paz, os dois monumentais painéis que Cândido Portinari (1903–1962) fez na década de 1950 para a sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, é a obra escolhida para inaugurar o V&M Brasil Centro de Cultura, ex-Cine Theatro Brasil, na Praça Sete, Centro de Belo Horizonte. A exposição ficará em cartaz por 60 dias. O mês de abertura da nova casa de arte e entretenimento também já foi definido: setembro do ano que vem, informou ontem o presidente da Fundação Sidertube, mantida pela empresa V&M do Brasil (VMB), Alberto Camisassa. Fechado desde 1999 e adquirido em 2006 pela empresa, o prédio com mais de oito décadas de história vai abrigar duas salas de espetáculo – uma com 1,1 mil lugares e outra com 200 –, auditório, galeria e café-livraria. “O local vai funcionar como cinema e teatro”, adiantou Camisassa. 

Na tarde de ontem, o presidente do Projeto Portinari, João Cândido Portinari, filho do pintor, fez o anúncio oficial da exposição, lembrando que os painéis, cada um medindo 14 metros de altura por 10 metros de largura e pesando duas toneladas, estarão no Brasil, sob responsabilidade da entidade que ele dirige, até o fim o serviço de restauração da sede da ONU. “Apresentar essas obras em Belo Horizonte é motivo de emoção. Morei aqui quando criança, por volta dos cinco anos, quando o meu pai trabalhou no projeto da Pampulha. Tenho, portanto, uma relação antiga e forte com a capital mineira”, disse João Cândido, ressaltando que poucas cidades têm um espaço de grandes dimensões, como o futuro centro de cultura da Praça Sete, para receber Guerra e paz. 

A obra será exposta junto de alguns dos 180 estudos, muitos gigantescos, que o pintor modernista fez durante quatro anos até pintar os painéis, num prazo de 90 dias, em 1955, disse João Cândido. A mostra terá também filmes sobre o trabalho. “Infelizmente, meu pai não teve a chance de ir à sede das Nações Unidas para ver o painel montado. Só o viu mesmo, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, antes do embarque para os Estados Unidos, pois houve manifestação popular para a exposição e o então presidente Juscelino Kubitschek atendeu o clamor público”, afirmou. O primeiro espetáculo do novo teatro de BH terá apresentação de Milton Nascimento, Fernando Brant, a bailarina Ana Botafogo, Alex Neoral e Hamilton de Holanda. 

Dedicados pelo autor “à humanidade”, os painéis chegaram ao Brasil em 2010 e foram mostrados em exposições no Theatro Municipal do Rio de Janeiro – em 12 dias, compareceram mais de 40 mil pessoas – e no Memorial da América Latina, em São Paulo SP. No Palácio Gustavo Capanema, no Centro do Rio, os murais foram restaurados por especialistas. A próxima mostra será em Brasília (DF), sendo BH a quarta capital do país a receber a exposição. Depois de estar presente na entrega do Prêmio Nobel da Paz, em Oslo, na Noruega, e de uma visita à China, os murais poderão retornar ao Rio para nova exposição durante a Copa de 2014. “Ganhamos o prazo de mais um ano para devolução dos painéis”, disse João Cândido com satisfação. Também ontem foi lançado o site www.vmcentrodecultura.com.br, no qual é possível conhecer os passos da reforma e a trajetória da casa.

Revitalização
Com investimento de R$ 50 milhões, o V&M Brasil Centro de Cultura teve as obras de restauro iniciadas em 2007. De acordo com a Fundação Sidertube, braço da V&M do Brasil, do grupo francês Vallourec, para projetos sociais e culturais, os serviços de restauro do prédio, inaugurado em 1932 e tombado pelo Instituto do Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha/MG), preservaram as características originais. Entre elas estão o vitral das fachadas, um cartão-postal da cidade. Durante as obras, a equipe encontrou nas paredes da sala do cinema pinturas em estilo art déco feitas pelo italiano Angelo Biggi. “Elas estavam encobertas por lambris (revestimento de madeira) e várias camadas de tinta. Então resolvemos mantê-las e restaurá-las”, disse Camisassa. Um grupo de restauradores cuida da recuperação, trazendo de volta as cores originais de grande impacto visual. O dirigente disse ainda que uma antiga galeria, que ligava a Rua Carijós à Avenida Amazonas, será recriada. Como novidade, haverá uma varanda lateral, com vista para a Amazonas e Carijós, onde serão realizados espetáculos especiais. “Por enquanto não podemos dizer o percentual de conclusão das obras. Só garantimos que estarão prontas em setembro de 2013”, disse. 

O evento de divulgação da primeira exposição e do mês de abertura, comunicado de manhã ao governador Antonio Anastasia pela direção da empresa e por João Cândido, foi realizada no sétimo andar do prédio. Também foi assinado um termo entre representantes da empresa e João Cândido. “Uma exposição dessa natureza inclui Belo Horizonte no circuito internacional. Um espaço assim para a cidade é fabuloso”, comemorou o superintendente de Museus e Artes Visuais da Secretaria de Estado da Cultura, Leonardo Bahia. Para o superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Leonardo Barreto de Oliveira, o empreendimento vai ajudar a revitalizar o Centro da cidade e criar uma ligação com a Casa do Conde, sede do Iphan, Museu de Artes e Ofícios (MAO), na Praça da Estação, Serraria Sousa Pinto, prédios da Rua Sapucaí e outros do início do século 20. 

Obra de arte
Portinari quando pintava o grande painel, em 1955 (Acervo Portinari/Divulgação)
Portinari quando pintava o grande painel, em 1955
Os dois painéis que compõem Guerra e paz, feito por Portinari depois do conflito mundial que durou de 1939 a 1945, especialmente para a sede da ONU em Nova York têm proporções superlativas. Segundo João Cândido, são 280 metros quadrados de área divididos em 14 partes, cada uma medindo 5m x 2,20m. O transporte das 16 caixas demanda uma logística especial, embora o valor do seguro não seja divulgado pela empresa responsável. O novo espaço de BH reúne as condições adequadas para recebê-los e ao público. No total, são 8,3 mil metros quadrados e 11 andares. Segundo Alberto Camisassa, os 1,6 mil lugares do cinema original se transformaram em 1,1 mil, para garantir maior conforto para a plateia. Ontem, foi apresentada pela direção da casa uma caixa de metal, contendo recortes de jornais e moedas, que foi enterrada no início da construção do prédio, em 1928.




Outros tempos

Uma cortina que se reabre
Recordo-me da primeira vez que fui ao Cine Theatro Brasil, em 1966, para assistir ao filme Cortina rasgada, de Alfred Hithcock, com Paul Newman e Julie Andrews, Fiquei boquiaberto com o conforto. Por ser central, era uma sala das preferidas pelos cinéfilos da época. Procurei saber de sua história e soube que o cinema, em estilo art-déco, abriu pela primeira suas portas em 14 de julho de 1932, depois de quatro anos de construção. Na plateia havia 1,6 mil pessoas vestidas com trajes de gala, e na tela, o filme Deliciosa (Delicius, 1931), estrelado por Janet Gaynor e Raul Roulien. Durante o período em que funcionou, a casa teve, além da fitas, animados bailes de carnaval, shows e muitas festas. Na década de 1970, quando eu já estava no jornalismo, a sala levou muita gente às filas para ver faroeste-spaghetti ou bangue-bangue à italiana e fitas de artes marciais. Os áureos tempos do grande cinema estavam distantes e o declínio foi se aproximando, principalmente com a chegada de salas mais modernas e com equipamentos (para a época) de última geração. O anúncio da reinauguração do prédio onde o cinema funcionou, com novo enfoque, nos dá a sensação que a história de BH começa ser reescrita. Para o bem da nossa cultura.  (Otacílio Lage)

Fonte: http://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2012/10/18/interna_gerais,324127/paineis-de-portinari-farao-parte-da-inauguracao-de-centro-cultural-no-antigo-cine-brasil.shtml

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