PBH promete demolir galpão que destoa de conjunto histórico da Praça da Estação


Após saída de igreja, dono quer alugar imóvel de novo e cria gargalo em corredor cultural de BH

Publicação: 16/10/2012 06:00 Atualização: 16/10/2012 07:52
Estrutura de 4 mil metros quadrados fica entre prédios antigos dos séculos 19 e 20 e o Viaduto da Floresta, na Contorno (Paulo Filgueiras/EM/D.A Press - 6/7/12)
Estrutura de 4 mil metros quadrados fica entre prédios antigos dos séculos 19 e 20 e o Viaduto da Floresta, na Contorno

 
Um gargalo na concretização do Corredor Cultural da Praça Rui Barbosa (Estação), na Região Centro-Sul de Belo Horizonte. Mais de um ano depois de a ex-ministra da Cultura, Ana de Hollanda, pedir apoio ao prefeito Marcio Lacerda para aquisição de um galpão na Avenida do Contorno, entre a Rua Januária e o Viaduto da Floresta, não há definição sobre o assunto. Vazia, a estrutura de 4 mil metros quadrados, antes ocupada por uma igreja evangélica, continua como um grande ponto de poluição visual no meio do conjunto do século 19 e início do 20 formado pela Casa do Conde, sede do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Museu de Artes e Ofícios (MAO), prédios da Rua Sapucaí e outros edifícios que embelezam a paisagem, revitalizam a região e valorizam o patrimônio cultural da cidade. 

De acordo com a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), o assunto está em “negociação”. Mas o proprietário do galpão, o empresário Mário Valadares, dono de dois shoppings populares no Centro de BH e de um centro de compras em Contagem, revela que a situação, na verdade, “piorou”. E não acredita em solução tão cedo. Ele explica que a proposta inicial da prefeitura era fazer uma permuta, mas um projeto enviado à Câmara Municipal sofreu tantas alterações por parte de dois vereadores que a proposta acabou na estaca zero. “Tomei muito prejuízo, pois o galpão, com área construída de 4 mil metros quadrados, estava alugado por R$ 68 mil. A igreja o desocupou o local no início do ano e desde então ele está vazio.” 

Segundo reportagem do Estado de Minas em 7 de julho, a prefeitura pretendia adquirir o imóvel até o fim do ano, mas as negociações dependiam da aprovação do Projeto de Lei 1.698/2011, que autoriza a alienação como venda ou permuta. A Câmara, por meio da assessoria de imprensa, informou que a tramitação do projeto foi suspensa em 18 de junho, mediante requerimento do então líder do governo na Câmara Municipal, Tarcísio Caixeta. O motivo da suspensão não foi divulgado. O projeto de lei envolve mais de 100 imóveis e a preocupação do proprietário do galpão na Praça da Estação é de que cada construção seja negociada individualmente. “Não sei se conseguirei vendê-lo, pois o novo proprietário terá problemas se a prefeitura resolver fazer a permuta. Acho que vou alugá-lo de novo”, afirma o empresário. 
 
Ícone
Segundo uma autoridade federal, a intenção da prefeitura era demolir o imóvel e construir no local uma praça, de forma a criar um elo entre os edifícios históricos da praça e do entorno dela. Um dos ícones da região que chamam mais a atenção é a Casa do Conde, dona de um galpão de 4,5 mil metros quadrados em processo de restauro, que fica bem próximo ao prédio pertencente a Mário Valadares. No galpão do Iphan, previsto para ser inaugurado em março de 2013, vai ser instalada a Casa do Patrimônio – o prédio, havia décadas, estava entulhado de sucata de veículos, equipamentos obsoletos e outros materiais da antiga Rede Ferroviária Federal S.A. (RFFSA).

As ações culturais na Casa do Patrimônio vão ser alvo de cooperação internacional – com o Instituto Andaluz de Patrimônio Histórico, de Sevilha, na Espanha, uma referência mundial – Escola de Belas-Artes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e outras instituições para pesquisas, intercâmbios, formação de mão de obra, difusão de técnicas e capacitação profissional. A obra está na etapa final – já foram gastos R$ 8 milhões e serão consumidos mais R$ 7 milhões.

Memória

Barulho atrapalhava espetáculos

Não é de hoje que o galpão antes ocupado pela igreja evangélica cria problemas – visuais e sonoros – para o Corredor Cultural da Praça da Estação. Em 11 de novembro de 2010, o EM mostrou as obras de conclusão de seis construções do século 19 da Fundação Nacional de Artes (Funarte), vinculada ao Ministério da Cultura, e localizados na Rua Januária,  nº 68 (terreno da Casa do Conde), bem como a preocupação das autoridades com o barulho, que poderia atrapalhar espetáculos de teatro, música, dança, shows, exposições etc. O caso esteve sob investigação da Promotoria de Justiça Especializada na Defesa do Meio Ambiente e do Patrimônio Histórico e Cultural, que, em 23 de agosto de 2010, em audiência, deu prazo de 30 dias para a instituição religiosa apresentar propostas para evitar os impactos.

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