Arq.Futuro discute, em BH, projetos para áreas carentes de renovação


Os arquitetos Viñoly, Marco Casamonti, Shohei Shigematsu, Maria Elisa Costa e Flávio Carsalade participaram de debates


Camila Molina/ENVIADA ESPECIAL/BELO HORIZONTE
Minas Gerais tem uma questão particular e problemática no que se refere à arquitetura e ao urbanismo: ao mesmo tempo em que a mineração traz riqueza para o Estado mineiro - fato historicamente fundamental para a construção de algumas cidades que nasceram ao redor dessa prática -, o fim natural da atividade extrativa mineradora deixa seus locais, muitas vezes, como que à míngua, até em degradação. Uma pergunta surge: como reutilizar áreas de minas desativadas? Tema "difícil e político", define o arquiteto uruguaio Rafael Viñoly, que integra questões como mineração, transformação de áreas, sustentabilidade e criação na paisagem, foi esse o foco das discussões da 4.ª edição do Arq.Futuro, realizado nesta terça-feira, 6, e ontem em Belo Horizonte.
O arquiteto uruguaio Rafael Viñoly em palestra na Escola Guignard - Divulgação
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O arquiteto uruguaio Rafael Viñoly em palestra na Escola Guignard
Convidados internacionais, como os arquitetos Viñoly, o italiano Marco Casamonti e o japonês Shohei Shigematsu; e brasileiros como Maria Elisa Costa, filha do arquiteto e urbanista Lúcio Costa, e Flávio Carsalade, fizeram palestras e participaram de debates no Arq.Futuro Belo Horizonte, realizado em auditório da Escola Guignard. Já a experiência de estar no prédio em aço, vidro e concreto projetado por Gustavo Penna, também participante do evento, foi interessante - a construção no bairro de Mangabeiras da capital mineira, que tem em seu nome a homenagem a um dos principais pintores brasileiros e ao seu papel histórico na cidade, fica na base da Serra do Curral e é uma obra de destaque, mas hoje, um pouco abandonada.
"Em Minas Gerais e no mundo, o problema mineral é um problema ético, o de tirar e devolver. Melhor fazer essa reflexão em um local que tenha essa ferida aberta", afirma Marco Casamonti. Em sua participação no Arq.Futuro, o italiano, com escritórios na Itália e na China - São Paulo também tem sido sua mirada -, destacou o projeto da Vinícola Antinori em San Casciano Val di Pesa, em Florença. Obra privada, de 75 milhões, é uma construção "integrada à natureza" e totalmente subterrânea, sob a vinha em uma colina - até o frio da terra é utilizado como fonte natural. "Arquitetura sustentável é tema de equilíbrio e os clientes devem entender que respeitar a natureza é uma operação de marketing extraordinária", diz Casamonti, defensor da não separação entre público e privado. "É um pensamento moderno (a separação), uma visão ultrapassada, de antes do comunismo."
Inversão. Mas no caso de Minas Gerais, como afirmou Flávio Carsalade, que foi presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico mineiro, a parceria com o Estado é fundamental para a recuperação da "paisagem cultural" do local afetada pela mineração. "Inhotim (instituto cultural e museu a céu aberto em Brumadinho) foi criado em cercado de mineração e é um exemplo de reciclagem dessas áreas", afirmou. Ele citou ainda os geoparques europeus como alternativas, mas como realizá-los, também, em parceria com as mineradoras?
É complexo pensar nesse futuro das minas, que têm "tempo de vida". "O componente fundamental é entender qual a estrutura da inversão (da mina) e o retorno para o explorador mineiro? Não é difícil, mas deve ter uma maneira de encontrar um acordo entre a indústria e a cidade. Imagino que a implantação deva ser completamente privada, mas é a sobreposição público e privado a parte mais complicada", opina Rafael Viñoly. Para ele, fundamentalmente, é a "transformação de paradigma de como a sociedade opera" que realmente importa. "A saída é encontrar outro combustível, recriar novas fontes, inventar materiais sustentáveis. O mercado mostrou que não é infalível."
Viñoly, que se vislumbra com a nanotecnologia e a ciência e cita a criação da internet como um novo paradigma, entra no coro dos que acreditam ser o Brasil o "país do futuro". Em sua palestra, ele não falou especificamente do problema da mineração - apesar de criar projetos de grande escala, nunca criou uma obra na "escala geográfica". Viñoly, com escritórios em Nova York, onde vive há mais de 30 anos, e também em Londres e em Abu Dabi, apresentou três obras que considerou exemplos de "renovação": "por mediação", a reestruturação do Museu de Arte de Cleveland (EUA), em processo; "por contraste", a criação, em 2009, do Firstsite Art Center de Colchester, que revitalizou área da cidade; e o teatro Curve de Leicester (ambos trabalhos realizados no Reino Unido).
O arquiteto uruguaio, que criou o complexo Tokio Internacional Forum, em 1996, citou a série de gravuras Caprichos, do pintor espanhol Goya, como um momento em que a arte da representação assume um papel social. E para Viñoly, arquitetura não pode ser moda - você terá de conviver com uma construção e não poderá descartá-la como uma camiseta que ninguém mais usa - ele brinca.

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