Evento reúne em Salvador artistas e estudiosos da cultura negra
Salvatore Carrozzo
salvatore.carrozzo@redebahia.com.br
É possível falar em cultura negra, assim, no singular? E identidade negra? Tais expressões dão conta da diversidade presente em cada elemento das populações negras no Brasil e no mundo? Com a proposta de debater questões complexas como estas, o I Encontro das Culturas Negras reúne especialistas, acadêmicos e artistas em torno de mesas e palcos em Salvador – entre amanhã e sábado – e segunda em Santo Amaro, no Recôncavo.
A abertura será amanhã, às 18h, no Forte da Capoeira, no Largo do Santo Antônio. Em seguida, acontece a mesa-redonda Culturas Negras no Mundo Contemporâneo. Entre as atrações musicais - todas gratuitas - espaço para grupos e artistas da Bahia, como Orkestra Rumpilezz, Orquestra Afrossinfônica, Dão e vários blocos afros, de outros estados e do exterior. Um dos destaques da programação artística é o encontro do Ilê Aiyê e Olodum, sábado, às 19h, no Terreiro de Jesus. Tem ainda apresentações de teatro e dança e três exposições.
Diversidade
Segundo Matias Santiago, 40 anos, um dos responsáveis pela organização, a ideia é mostrar a diversidade atual nos estudos relacionados aos temas. “Quando escolhemos discutir videodança afrocontemporânea, por exemplo, é porque o estudo do negro não está restrito a poucas áreas do conhecimento”, diz.
O sociólogo baiano Muniz Sodré é um dos convidados. Na sexta, ele participa da mesa Culturas Negras no Brasil, às 9h, no Auditório da Faculdade de Medicina, no Pelourinho. Para Sodré, é possível traçar paralelos entre a África e outros continentes. “Uma vez, conversei com o Dalai Lama (líder espiritual budista) e ele me disse que via muitos paralelos entre o budismo e o Candomblé baiano”, afirma.
Sodré vê com bons olhos as ações afirmativas no país e os editais que o Ministério da Cultura pretende lançar voltados para produtores e artistas negros. “Não são benesses do Estado. É fruto do protagonismo do movimento negro, o mais antigo do Brasil. Marta Suplicy (atual ministra da Cultura) é uma grã-fina paulistana, mas, às vezes, ela consegue alguma coisa”, provoca.
Estudioso da comunicação, Sodré vê mudanças, por exemplo, na relação negritude e televisão: para ele, a ascensão de atores como Lázaro Ramos representa novos modelos de beleza e protagonismo negro. “Acho positivo termos novelas como Lado a Lado e séries como Subúrbia. O mercado é explorador, mas também é civilizador”, contextualiza. E, sem contextualização, não há salvação, não importa a raça.
A programação completa e os locais de realização do I Encontro de Culturas Negras podem ser conferidos no site www.cultura.ba.gov.br. As atividades são gratuitas e abertas ao público, com exceção das oficinas, que já encerraram inscrições.
Fonte: http://www.correio24horas.com.br/noticias/detalhes/detalhes-1/artigo/evento-reune-em-salvador-artistas-e-estudiosos-da-cultura-negra/
salvatore.carrozzo@redebahia.com.br
É possível falar em cultura negra, assim, no singular? E identidade negra? Tais expressões dão conta da diversidade presente em cada elemento das populações negras no Brasil e no mundo? Com a proposta de debater questões complexas como estas, o I Encontro das Culturas Negras reúne especialistas, acadêmicos e artistas em torno de mesas e palcos em Salvador – entre amanhã e sábado – e segunda em Santo Amaro, no Recôncavo.
A abertura será amanhã, às 18h, no Forte da Capoeira, no Largo do Santo Antônio. Em seguida, acontece a mesa-redonda Culturas Negras no Mundo Contemporâneo. Entre as atrações musicais - todas gratuitas - espaço para grupos e artistas da Bahia, como Orkestra Rumpilezz, Orquestra Afrossinfônica, Dão e vários blocos afros, de outros estados e do exterior. Um dos destaques da programação artística é o encontro do Ilê Aiyê e Olodum, sábado, às 19h, no Terreiro de Jesus. Tem ainda apresentações de teatro e dança e três exposições.
Diversidade
Segundo Matias Santiago, 40 anos, um dos responsáveis pela organização, a ideia é mostrar a diversidade atual nos estudos relacionados aos temas. “Quando escolhemos discutir videodança afrocontemporânea, por exemplo, é porque o estudo do negro não está restrito a poucas áreas do conhecimento”, diz.
O sociólogo baiano Muniz Sodré é um dos convidados. Na sexta, ele participa da mesa Culturas Negras no Brasil, às 9h, no Auditório da Faculdade de Medicina, no Pelourinho. Para Sodré, é possível traçar paralelos entre a África e outros continentes. “Uma vez, conversei com o Dalai Lama (líder espiritual budista) e ele me disse que via muitos paralelos entre o budismo e o Candomblé baiano”, afirma.
Sodré vê com bons olhos as ações afirmativas no país e os editais que o Ministério da Cultura pretende lançar voltados para produtores e artistas negros. “Não são benesses do Estado. É fruto do protagonismo do movimento negro, o mais antigo do Brasil. Marta Suplicy (atual ministra da Cultura) é uma grã-fina paulistana, mas, às vezes, ela consegue alguma coisa”, provoca.
Estudioso da comunicação, Sodré vê mudanças, por exemplo, na relação negritude e televisão: para ele, a ascensão de atores como Lázaro Ramos representa novos modelos de beleza e protagonismo negro. “Acho positivo termos novelas como Lado a Lado e séries como Subúrbia. O mercado é explorador, mas também é civilizador”, contextualiza. E, sem contextualização, não há salvação, não importa a raça.
A programação completa e os locais de realização do I Encontro de Culturas Negras podem ser conferidos no site www.cultura.ba.gov.br. As atividades são gratuitas e abertas ao público, com exceção das oficinas, que já encerraram inscrições.
Fonte: http://www.correio24horas.com.br/noticias/detalhes/detalhes-1/artigo/evento-reune-em-salvador-artistas-e-estudiosos-da-cultura-negra/