Walmart Instituto: Economia criativa com a cara do Brasil


Desenvolvimento Local20.03.13
Claudia Leitão, secretária da Economia Criativa
Mais do que produtos e serviços, um novo modelo de economia, pautado em cultura, tecnologia e criatividade, tem despontado no País e no mundo, promovendo mudanças significativas no desenvolvimento de muitos territórios. É a economia criativa, fortalecendo a visão de que quanto mais diverso e rico o conteúdo cultural de uma sociedade, maiores as suas possibilidades de desenvolvimento.

A Bomba do Hemetério, Zona Norte do Recife (PE), por exemplo, vive essa nova realidade. Com o apoio do programa Bombando Cidadania, o turismo, a gastronomia, o artesanato e a música se tornaram fundamentais para a geração de renda e a promoção da melhoria da qualidade de vida dos moradores do bairro.

O Brasil tem avançado nesse campo com políticas de fomento à economia criativa. Para falar sobre isso, o Instituto Walmart entrevistou Claudia Leitão, secretária da Economia Criativa do Ministério da Cultura (SEC/MinC). Confira:

Instituto Walmart: Como a economia criativa pode ser uma indutora dos processos de promoção do desenvolvimento local? 

Cláudia Leitão: No Brasil, ainda temos práticas muitos isoladas. Precisamos ter uma visão territorial mais integrada, uma compreensão mais cooperativa dos espaços, com redefinição de políticas para modelos de governança regionais.

Quando a Secretaria da Economia Criativa foi criada ficou claro que a nossa missão era induzir, a partir dos setores criativos, o desenvolvimento local e regional, tendo como público-alvo os micro e pequenos empreendedores. 

Precisamos potencializar o que chamamos de territórios ou cidades criativas. Como a cultura pode atrair e criar sinergias para outras políticas, como as de turismo, de desenvolvimento econômico, da ciência, da tecnologia, do trabalho, etc. Isso porque a economia criativa não está só no Ministério da Cultura, mas em todos os outros ministérios e em todas as pastas. No âmbito estadual e municipal também.  

Que oportunidades podem ser geradas por essa nova economia no País? 

O Brasil tem um patrimônio imaterial, com suas festas, celebrações, artesanatos, gastronomia, saberes tradicionais, de uma riqueza enorme, talvez até maior que o material. Muitas dessas tradições desapareceram em outros continentes e, na América Latina, essas expressões ainda têm uma presença intocada. 

Com isso o País poderia ter uma economia criativa a partir de um novo modelo econômico, que não é o da indústria cultural. Não que esse modelo não nos interesse. Mas poderíamos avançar de uma forma original e construir uma economia dos pequenos. Aí seríamos uma referência a partir da diversidade cultural, tendo a cultura como um projeto de desenvolvimento local e regional e de cooperação entre territórios. 

Como trabalhar com universos tão distintos – indústria e pequenos grupos informais, por exemplo – garantindo que todos possam se desenvolver? 

Não podemos negar que nos setores criativos estão as indústrias, mas também estão as artesanais e os novos negócios da internet. É uma diversidade muito grande. Para a Secretaria interessam exatamente os pequenos negócios, as práticas colaborativas, as moedas criativas, os canais de distribuição alternativos e as tecnologias sociais. Essas são as riquezas que o Brasil pode apresentar para o mundo: um modelo de economia criativa que não seja o do tradicional da indústria cultural, mas uma produção cultural coletiva e colaborativa. 

Buscamos uma política de Estado que trate a cultura como reconhecimento das identidades, e também trabalhe com os ativos econômicos, como uma marca do País.

Como fazer isto?

Queremos criar um plano de 10 anos para termos um Brasil Criativo. E não se trata apenas de um adjetivo, mas sim um projeto para trabalharmos a riqueza desses imaginários brasileiros e transformá-los em ativos.

O Brasil, por exemplo, é um destino turístico há anos. No entanto, não é ainda reconhecido pelo turismo cultural, pois não temos políticas capazes de compreender isso. Não aproveitamos da melhor forma o valor agregado da nossa diversidade cultural e isso vale ouro. Precisamos assumir a riqueza do que é o imaginário amazônico, a beleza do Centro-Oeste, as nossas diferenças enquanto regiões, ao mesmo tempo sendo um Brasil contemporâneo, da nova música, das novas artes visuais, do hip hop, do grafite, dos curtas-metragens, da produção audiovisual. Há muitos caminhos interessantes que têm sido construídos.

Acredito também que é preciso dar protagonismo à juventude. A economia criativa é especialmente dos jovens e eles estão empreendendo, criando mercados e modelos.

Há ações interessantes sendo desenvolvidas nesse âmbito? Como levar isso para outros territórios?

O Estado de Pernambuco tem se destacado com sua base estruturada de pesquisas científicas, ao mesmo tempo em que detém uma riqueza cultural enorme, com turismo, tradições orais, artesanato. Ele pode ser exemplo para o Brasil e para o mundo.
 
O que precisamos é criar condições para multiplicar essas experiências para outros espaços. Por meio de politicas, devemos apoiar o campo cultural e criativo de forma contínua, com fomento à pesquisa, formação, educação, marcos legais e à institucionalidade da economia criativa nos governos.

Quais são desafios para que a economia criativa se desenvolva no País?

Os desafios são enormes e mal começamos. Acredito que o que estamos fazendo é plantar a compreensão de um desenvolvimento que não é o que aí está. Temos hoje ciência, tecnologia, pesquisa e com isso poderíamos ser mais audaciosos. 

Nós temos que pensar essa economia para daqui a 20 anos. Precisamos reposicionar o Brasil com um modelo de desenvolvimento que não é só o de carros, geladeira, petróleo, gás. O desafio é uma economia de bens intangíveis, com gestores públicos que pensem um modelo de desenvolvimento para além de asfalto e construção, enquanto temos oportunidades como internet, e-commerce e novos negócios.

Quais ações estão sendo desenvolvidas para impulsionar a economia criativa no Brasil?

No âmbito do Ministério da Cultura temos agora o Vale-Cultura e o Observatório da Economia Criativa.  Estamos também andando a passos largos na construção da Conta Satélite da Cultura, o PIB (Produto Interno Bruto) da Cultura para entregar à presidenta o somatório da riqueza produzida pelos setores criativos brasileiros.

Serão lançados ainda esse ano, em 13 capitais, os escritórios chamados Criativas Birôs, voltados para o empreendedor criativo de todas as áreas. Neste espaço, ele vai ter apoio para produzir, distribuir, comercializar e encontrar mercado aos seus produtos, além de linhas de crédito, assessoria contábil, jurídica e financeira. 

Trata-se de um convênio da Secretaria com os governos estaduais. Estamos começando pelos Estados que receberão a Copa do Mundo. O primeiro será inaugurado em maio no Rio de Janeiro. A proposta é ter um escritório em cada Estado brasileiro. Além disso, estamos discutindo agora o Estatuto do Artesão, que será importantíssimo. O caminho está sendo traçado de uma forma muito consistente.

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