AUDIOVISUAL: Na trilha da civilização do couro

Documentário da cineasta Paula Dib que integra o projeto Etnodoc III terá cenas rodadas no Ceará

A diversidade cultural das regiões do Brasil servem de inspiração aos 15 projetos selecionados entre os 897 inscritos na terceira edição do Edital de Apoio a Documentários Etnográficos sobre Patrimônio Cultural Imaterial (Etnodoc). São filmes documentários de média-metragem (26 minutos) que utilizam como matéria-prima o patrimônio imaterial brasileiro e, no momento, estão em fase de produção. Na última sexta-feira, a cineasta paulista, Paula Dib, que assina o projeto "Pegadas de Couro", sobre o ofício dos mestres do couro da região do Cariri, no Ceará, estava no Crato realizando filmagens e pesquisa. Seu trabalho tem como tema o mestre Espedito Seleiro. Recentemente, ele realizou exposição no Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular, no Rio de Janeiro. Cenas do filme foram rodadas na mostra.

Cena do filme "Pegadas de Couro", de Paula Dib: Espedito Seleiro é fio condutor do roteiro

Paula Dib fala sobre o seu processo de criação e como se aproximou do tema. "Na verdade, o projeto conta com dois olhares que admiram profundamente a cultura brasileira". Ressalta o do escritor Antonio Lino, que depois de viajar pelo País, durante um ano e três meses, numa Kombi, em 2011, lançou o livro "Encaramujado", que reúne contos e crônicas sobre a sua experiência por mais de 100 municípios de quinze estados brasileiros.

Formada em design de produtos, a cineasta sempre demonstrou interesse em explorar as belezas do Brasil, em particular, sua produção artesanal. O contato de Paula Dib com o couro e a região do Cariri aconteceu há dois anos, como integrante do projeto Caboclo, cuja proposta é a revalorização do trabalho do artesão sapateiro da região. Neste momento, ela teve contato com muitos mestres, cada qual vivenciando uma situação distinta, vários deles enfrentando grandes dificuldades, tentando acompanhar o ritmo das indústrias, concorrendo com materiais de baixa qualidade, plásticos e industrializados. "Um cenário bastante decadente", avalia Paula.

No encontro com o Mestre Espedito, percebeu que sua postura diante seu trabalho era muito diferenciada. "Em sua teimosia saudável o mestre soube olhar pra frente sem abrir mão do lastro histórico que carrega seu trabalho". A cineasta considera sua atitude admirável, o que tem inspirado, inclusive, a condução do projeto junto aos outros mestres com os quais trabalhou. A ideia por trás do trabalho deles é "lapidar o couro" e desenvolver sapatos com histórias pra contar, arremata.

As conversas com o escritor Antonio Lino, um profundo conhecedor do Brasil e da cultura brasileira, foram fundamentais para a tomada da decisão de unir conhecimentos e embarcar juntos na proposta deste tema para o Etnodoc III.

Roteiro
No filme, a arte do mestre Espedito é o fio condutor da narrativa. Paula explica que o trabalho dos outros mestres ilustram a mudança no setor calçadista da região. Quanto à contribuição do seu filme para a preservação da memória imaterial da região, ela diz: "Ao trabalhar por este registro, capturamos processos, saberes e visões que pertencem a um tempo que está por se extinguir". Encantada com a pesquisa de campo, afirma ser a região do Cariri absolutamente fascinante. "Todos os personagens entrevistados, por si só já dariam um filme".

Os documentaristas devem entregar suas mídias prontas até janeiro de 2013, quando deverão acontecer as primeiras exibições pela TV Brasil. O diretor técnico do Etnodoc, Cristiano Mota, destaca a qualidade do projeto que inclui pesquisa e os meios utilizados para a realização como os principais critérios para a seleção dos trabalhos. Prova da amplitude da iniciativa é o resgate de temas relacionados à história de algumas regiões, como por exemplo, a civilização do couro, no sertão nordestino.

Cristiano Mota observa ser o projeto o único no País a contemplar a categoria documentário etnográfico. Entre os destaques, o filme "Na rota dos sertões", do veterano Silvio Tendler, cujo nome oficial deverá ser "As veredas dos grandes sertões e outras histórias", que pretende mostrar o trajeto da antológica viagem de Guimarães Rosa e um grupo de boiadeiros pelo sertão de Minas Gerais, em 1952.

Cristiano Mota ressalta o interesse da classe dos documentaristas em participar do edital, levando cineastas de renome a participarem, assim como as novas gerações. Na primeira edição, em 2007, foram 466 inscritos, aumentando para 700, na segunda. Na terceira, foram registradas 897 inscrições. "É o próprio Brasil, o fazer do brasileiro", define Cristiano Mota o Etnodoc, afirmando que o edital possibilita a visibilidade de algumas comunidades. "A TV Brasil cumpre com esse objetivo", diz. Os filmes produzidos são apresentados, ainda, em universidades e centros culturais. Essa é a meta do projeto que investe na preservação do patrimônio imaterial brasileiro.

Além dos critérios de qualidade do projetos, no momento de escolher os trabalhos, Cristiano Mota explica que é preciso ficar atento para que todas as regiões sejam contempladas. Com o patrocínio da Petrobras desde do início de sua criação, o Etnodoc conquista espaço fora do País, como a apresentação em universidades estrangeiras, citando as universidades de Lisboa e do México.

Cristiano Mota menciona outros projetos que também chamaram a atenção dos integrantes da comissão julgadora nesta edição do evento. "Batuque gaúcho", de Sérgio Luiz Valentim Júnior, sobre o universo dessa expressão religiosa de matriz africana na cidade de Porto Alegre (RS), que possui mais de três mil terreiros de raízes Jêje, Ijexá, Oyo, Cabinda e Nagô; e "O lenço do samba", de Shaynna Pidori, pesquisadora paulista que mora no México, vai mostrar a crise em que vive a comunidade do Samba Lenço de Mauá (SP). Ele conta que os jovens não querem mais cantar e dançar o samba-lenço porque se tornaram evangélicos. E "Cuaracyaangaba", de Lara de Campos Velho, que abordará a astronomia dos índios Guarani e sua forma particular de ler o céu e interpretar os fenômenos celestes. O documentário acompanhará o trabalho do professor Germano Afonso, físico e PhD em astronomia, descendente dos Guarani.

A terceira edição do Etnodoc foi lançada em novembro de 2011 e o edital conta com patrocínio da Petrobras, apoio da Secretaria do Audiovisual e da EBC/TV Brasil, sendo realizado pelo Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular (CNFCP), órgão do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em parceria com a Associação Cultural de Amigos do Museu de Folclore Edison Carneiro (Acamufec).


IRACEMA SALESREPÓRTER

Fonte: http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1190057

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