Arquivos digitais esbarram em “muralhas” e direitos autorais


Por Ronaldo Lemos em 02/10/2012 na edição 714
Reproduzido da Folha de S.Paulo, 1/10/2012; intertítulo do OI

Uma das promessas não cumpridas da internet é de que haveria uma “revolução” da memória. Os conteúdos digitais ficariam imunes às intempéries do mundo físico, permitindo preservar para sempre as criações humanas, traduzidas em simples bits e bytes. Não funcionou.
Tudo o que vai parar no mundo digital é efêmero. A tecnologia renova-se, e os formatos ficam obsoletos. Universos inteiros de dados desaparecem ou ficam inacessíveis o tempo todo. Foi o que ocorreu com o Geocities, precursor das redes sociais. Em 1999, era o terceiro site mais acessado do planeta. Em 2009, deixou de existir (há um pouco dele no Internet Archive, mas muito se perdeu).
No Brasil, Caetano Veloso queixou-se no jornal O Globo sobre o tema. Seu blog Obra e Progresso, criado no processo de gravação do álbum “Zii e Zie”, sumiu também. Para alívio da situação (e dos fãs), parcelas do site estão no Internet Archive. Só que o Internet Archive não resolve toda a questão. Grande parte dos conteúdos na rede hoje está atrás de “muralhas” fechadas, como o Facebook e outras redes sociais. O Internet Archive não entra ali. Só arquiva o que está aberto na rede.
Não deixe para amanhã
Outro problema são os direitos autorais. Pela lei brasileira, preservar qualquer conteúdo requer autorização do autor e titulares. Pela lei americana, essa autorização não é necessária. O Internet Archive pode armazenar tudo, desde que retire conteúdos específicos em caso de reclamações. Há no Ministério da Cultura uma proposta para reformar nossa lei, autorizando o arquivamento. Até a sua aprovação, a chance de surgir um arquivo abrangente da rede no Brasil é zero.
Isso traz mais preocupações. Por exemplo, o Orkut. Apesar de muita gente torcer o nariz para o site hoje, ele é o mais rico e detalhado documento do período de 2004 a 2011 no Brasil. Registrou fenômenos como a ascensão da classe C, transformações no uso do português, além de inúmeros dramas pessoais. Há muitos temas dos últimos anos visíveis pelo Orkut, preservados em registro microscópico. Mas basta uma decisão do Google para tudo ficar inacessível. A Biblioteca do Congresso dos EUA já preserva a memória digital. Nossa Biblioteca Nacional deveria fazer o mesmo, a começar pelo Orkut.
A conclusão é simples. Se há algo importante para você armazenado na rede, vá lá e faça um back-up no seu computador. E não deixe para amanhã.
***
[Ronaldo Lemos é colunista da Folha de S.Paulo]

Fonte: http://observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed714_arquivos_digitais_esbarram_em_muralhas_e_direitos_autorais 

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